Engana-se quem pensa que a menopausa é o fim para aquelas mulheres que
querem engravidar. Hoje, com o avanço da ciência, é possível ter filhos
até quando o corpo feminino for capaz de aguentar, por meio da
utilização de óvulos de doadoras.
"Se desejar, a mulher tem de fazer um tratamento intensivo e um
procedimento de fertilização in vitro. Não há limite de idade, cada
pessoa é cada pessoa, e o índice de gestação em casos de esterilidade
chega a 60%", afirma Elizabeth Leão, ginecologista do hospital da
Beneficência Portuguesa de São Paulo.
As especialistas lembram, no entanto, que é sempre bom ser
prudente. "O útero não envelhece e, sendo preparado, pode receber um
embrião e a mulher engravidar. Entretanto, sempre tem que se ter bom
senso e também não colocar a mulher em risco com uma gravidez", diz a
ginecologista Amanda Volpato Alvarez, especialista em medicina
reprodutiva do IPGO (Instituto Paulista de Ginecologia, Obstetrícia e
Reprodução Assistida)
"O médico sempre tem de ser criterioso e ver aquelas que podem, pois
uma gravidez aos 45 anos é diferente de uma aos 25", completa Leão. Uma
avaliação cardiológica é sempre aconselhável, uma vez que a
gravidez pode sobrecarregar a atividade cardíaca. Mulheres que já tenham
algum problema de saúde, como hipertensão arterial e diabetes, por
exemplo, devem avaliar com cautela os riscos de uma gravidez em idade
avançada. "E claro, pensar também na criança, porque, quanto mais idade
tem o casal, maiores as chances de a criança ficar órfã cedo", lembra
Alvarez.
Oscilações hormonais
Durante a menopausa, ocorrem inúmeras mudanças hormonais no corpo
feminino, que podem ou não trazer desconforto. As principais alterações
ocorrem na produção de estrogênio, hormônio responsável pelo
desenvolvimento do útero e pelo ciclo de ovulação, e a progesterona, que
controla a menstruação. "As ondas de calor resultantes das oscilações
hormonais são o mais típico sintoma. Elas estão presentes em 60% a 75%
das mulheres", afirma Alvarez.
Outras alterações comuns nesta fase são no aspecto da pele, queda de
cabelos e aumento de peso. Algumas mulheres apresentam ainda insônia,
depressão e ansiedade.
São comuns também a diminuição da libido e a secura vaginal. Porém,
Leão lembra que cada mulher é um universo e esses problemas podem ter
mais a ver com a fase da vida em que acontece a menopausa do que, de
fato, com as alterações hormonais do período. "A diminuição é discreta e
compatível com o que acontece na vida da pessoa no momento, que em
geral vive um relacionamento antigo", diz a médica.
Para todos esses sintomas, a terapia de reposição hormonal, que causa
grande medo em algumas mulheres, é a mais indicada, segundo as
especialistas. As contraindicações são para mulheres com histórico de
câncer de mama, doenças coronarianas e doenças tromboembólicas.
No álbum abaixo, saiba mais sobre essa fase tão importante da vida da mulher.
- A
data da primeira menstruação é o que determina a menopausa. MITO: não
existe relação entre a menarca (primeira menstruação) e a parada do
ciclo. A data da menopausa é determinada, principalmente, por fatores
genéticos Thinkstock
- Exercícios
ajudam a lidar melhor com o climatério. VERDADE: a atividade física
ajuda a melhorar o humor e a disposição, além de prevenir doenças
cardíacas e osteoporose e ajudar a manter o peso Thinkstock
- O
ideal é que a menopausa ocorra após os 50 anos. MITO: não existe uma
idade ideal para que a menopausa chegue, sendo que a partir dos 45 anos é
considerada normal. Se ocorrer antes dos 40 anos, no entanto, ela é
tida como precoce. "Mulheres com história de câncer ou quimioterapia
podem ter sua menopausa adiantada", diz a ginecologista Amanda Volpato
Alvarez Thinkstock
- A
mulher pode engordar ao utilizar hormônios. MITO: "A terapia hormonal
não está relacionada com o ganho de peso, o que se sabe é que com o
avançar da idade existe um aumento do índice de massa corporal
relacionado com a diminuição dos gastos calóricos e aumento da ingestão
calórica", explica a ginecologista Amanda Volpato Alvarez Kokhanchikov/Shutterstock
- Menopausa
precoce é quando a mulher entra no climatério entre 30 e 40 anos.
VERDADE: a parada da menstruação e a ausência de ciclos ovulatórios
abaixo dos 40 anos é considerada precoce. "Muitas vezes é de causa
desconhecida, mas pode ter fundo genético ou ser causada por doenças
autoimunes, doenças da tireoide e diabetes mellitus", explica a
ginecologista Amanda Volpato Alvarez Thinkstock
- Quem
tem menopausa precoce pode ter mais doenças na velhice. VERDADE: "A
mulher que entra precocemente na menopausa tem um risco aumentado de
apresentar doenças cardíacas e osteoporose", afirma Amanda Volpato
Alvarez, especialista em medicina reprodutiva do IPGO (Instituto
Paulista de Ginecologia, Obstetrícia e Reprodução Assistida) Thinkstock
- Existem
formas de retardar a menopausa. MITO: não tem como se retardar uma
menopausa, já que são principalmente fatores genéticos que determinam o
seu início Thinkstock
- É
comum a mulher sentir ondas de calor e suar bastante à noite durante a
menopausa. VERDADE: "As ondas de calor são resultantes das oscilações
hormonais desse período", explica Elizabeth Leão, ginecologista do
hospital da Beneficência Portuguesa de São Paulo. Os sintomas surgem
inesperadamente como crises de calor sufocante no tórax, pescoço e face,
muitas vezes acompanhadas de rubor no rosto (a temperatura da pele
chega a subir cinco graus), sudorese, palpitações e ansiedade Thinkstock
- Pele,
unhas e cabelo mudam após a menopausa. VERDADE: quando a menopausa
chega, a pele fica mais seca e fina, as unhas se tornam fracas e o
cabelo tende a cair. "Essas mudanças, em especial no tônus da pele, é
resultado de um processo geral de envelhecimento", explica a
ginecologista Elizabeth Leão Thinkstock
- A
reposição hormonal ajuda a controlar os sintomas da menopausa. VERDADE:
na terapia de reposição hormonal um ou mais estrogênios, usualmente em
combinação com progesterona (e algumas vezes com testosterona) são
administrados para compensar parcialmente a redução dos níveis destes
hormônios no organismo, e com isto minimizar os sintomas causados pela
diminuição dos mesmos. "Até o início dos anos 2000, era normal fazer a
reposição. Mas um estudo americano divulgado na época gerou um pânico
nas mulheres, mas quem não teve alguma doença maligna, como câncer de
mama, pode fazer o tratamento", diz a ginecologista Elizabeth Leão. De
acordo com ela, sintomas como as "ondas de calor", diminuição de libido,
depressão e insônia podem ser amenizadas com a reposição hormonal Shutterstock
- A
mulher fica com a vagina mais seca após a menopausa. VERDADE: a falta
de estrogênio leva à secura vaginal, que pode ser tratada com cremes
vaginais com hormônios, em mulheres que não tenham contraindicação para o
uso dos mesmos Shutterstock
- A
reposição de cálcio é importante para evitar problemas ósseos após a
menopausa. VERDADE: a reposição na menopausa de cálcio e vitamina D
ajuda na prevenção de fraturas e da osteoporose. "Mas a melhor maneira
de se prevenir este tipo de problema na velhice é ter uma alimentação
rica em cálcio na infância, o que garantirá uma boa massa óssea no
futuro", diz Amanda Volpato Alvarez, especialista em medicina
reprodutiva do IPGO (Instituto Paulista de Ginecologia, Obstetrícia e
Reprodução Assistida) Kham Tran
- Após
a menopausa, a mulher não engravida mais. PARCIALMENTE VERDADE: a
mulher não engravida mais de forma natural após a menopausa, mas por
meio de tratamentos como a reprodução assistida é possível uma gravidez
após o climatério. "Com a utilização de óvulos de doadoras é possível,
já que a mulher na menopausa não tem mais óvulos, mas o útero pode ser
preparado e receber uma gestação sem problemas", explica Amanda Volpato
Alvarez, especialista em medicina reprodutiva do IPGO (Instituto
Paulista de Ginecologia, Obstetrícia e Reprodução Assistida). "Não
existe limite de idade, pois cada pessoa é cada pessoa. O médico sempre
tem de ser criterioso e ver aquelas que podem, quais os riscos, se tem
outras doenças, problemas cardíacos, pois uma gravidez aos 45 anos é
diferente de uma aos 25", completa a ginecologista Elizabeth Leão Thinkstock
- Insônia,
depressão e ansiedade são comuns na menopausa. VERDADE: são sintomas
muito frequentes, principalmente no climatério. "A mulher já tem algum
componente que pode levar à depressão e quando chega a menopausa e seus
sintomas, acaba fechando esse quadro depressivo. Já a insônia está
ligada às ondas de calor, que causam problemas para dormir", diz a
ginecologista Elizabeth Leão Getty Images
- Após
a menopausa, corre-se mais risco de desenvolver doenças. VERDADE:
mulheres pós-menopausa têm risco aumentado para doenças cardiovasculares
e osteoporose. "Pode haver aumento da probabilidade da perda do tônus
da musculatura perineal (que segura os órgãos pélvicos). Isso acontece
gradativamente durante a vida, mas pode se acelerar após a menopausa",
explica a ginecologista Elizabeth Leão Thinkstock
- Todas
as mulheres podem fazer reposição hormonal. MITO: a reposição hormonal é
indicada apenas para as mulheres que tenham os sintomas da menopausa,
como as "ondas de calor", e que não tenham contraindicações, como
histórico de câncer de mama, doenças coronarianas e doenças
tromboembólicas Getty Images/Thinkstock
- A
menopausa causa diminuição da libido. VERDADE: com a menopausa, há uma
redução dos hormôniosfemininos (estrogênio) e também dos hormônios
masculinos (testosterona) que estão relacionados com o libido na mulher.
"Ela pode causar, mas não é toda mulher que tem. A diminuição é
discreta e não chega a ser esse fantasma", diz a ginecologista Elizabeth
Leão Getty Images
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