Acredita-se
que produzimos cerca de três litros de gases ao dia e que de 15 a 20
eliminações de flatos são realizadas por todos, diariamente; porém, em alguns
indivíduos esta quantidade é ainda maior
O tema é
delicado – pois provoca vergonha e acomete muitas pessoas em diferentes
ocasiões. Estamos falando dos gases intestinais, originários do ar que
engolimos (aerofagia) ou da fermentação de restos alimentares, no intestino,
pelas bactérias que normalmente o habitam.
“O problema aparece, na maioria das vezes, por causa dos carboidratos não digeridos, que acabam fermentados pelas bactérias”, explica o médico gastroenterologista José Antonio Flores da Cunha, da Clínica São Vicente (Gastro Gávea), no Rio de Janeiro.
“O problema aparece, na maioria das vezes, por causa dos carboidratos não digeridos, que acabam fermentados pelas bactérias”, explica o médico gastroenterologista José Antonio Flores da Cunha, da Clínica São Vicente (Gastro Gávea), no Rio de Janeiro.
Ele
ressalta que a presença de gases no intestino, assim como sua eliminação por
meio de ‘flatos’, é considerada normal – embora fonte de tanto desconforto e
embaraço. “Algumas pessoas apresentam uma quantidade maior do problema, que
pode causar dor e distensão no abdômen, além de situações de constrangimento.
Em geral, são as que priorizam uma alimentação rica em itens sujeitos a maior
fermentação”, salienta o gastroenterologista. Na verdade, todos nós produzimos
gases quando engolimos ar ou durante a digestão.
“Acredita-se que cerca de 3 litros são produzidos ao dia e que de 15 a 20 eliminações de flatos são realizadas por todos, diariamente. Porém, em alguns indivíduos esta quantidade é ainda maior, o que pode ter a ver com a dieta, como já foi dito, ou predisposição genética ou adquirida, como no caso de intolerância à lactose do leite e ao glúten.” Quando isso acontece, ao ingerir leite e derivados e itens com glúten, a digestão não se dá de forma satisfatória, causando gases e até diarreia.
Algumas medicações, como antibióticos que alteram a flora intestinal ou remédios para diabetes, ou mesmo o estresse favorecem o surgimento do problema, conforme diz Liliane Oppermann, médica nutróloga e ortomolecular, professora da pós-graduação de Medicina Ortomolecular na Fundação de Apoio à Pesquisa e Estudo na Área da Saúde (Fapes).
“Muitos alimentos não são processados adequadamente pela mastigação ineficiente, forma e velocidade com que se come, falta de enzimas digestivas, alterações no pH local e estado emocional, levando a uma fermentação exacerbada.” E tem mais: a falta de atividade física influencia negativamente. “O sedentarismo prejudica o trânsito intestinal, assim como o hábito de ficar muito tempo sentado”, observa o gastroenterologista Rogério Toledo Júnior.
“Acredita-se que cerca de 3 litros são produzidos ao dia e que de 15 a 20 eliminações de flatos são realizadas por todos, diariamente. Porém, em alguns indivíduos esta quantidade é ainda maior, o que pode ter a ver com a dieta, como já foi dito, ou predisposição genética ou adquirida, como no caso de intolerância à lactose do leite e ao glúten.” Quando isso acontece, ao ingerir leite e derivados e itens com glúten, a digestão não se dá de forma satisfatória, causando gases e até diarreia.
Algumas medicações, como antibióticos que alteram a flora intestinal ou remédios para diabetes, ou mesmo o estresse favorecem o surgimento do problema, conforme diz Liliane Oppermann, médica nutróloga e ortomolecular, professora da pós-graduação de Medicina Ortomolecular na Fundação de Apoio à Pesquisa e Estudo na Área da Saúde (Fapes).
“Muitos alimentos não são processados adequadamente pela mastigação ineficiente, forma e velocidade com que se come, falta de enzimas digestivas, alterações no pH local e estado emocional, levando a uma fermentação exacerbada.” E tem mais: a falta de atividade física influencia negativamente. “O sedentarismo prejudica o trânsito intestinal, assim como o hábito de ficar muito tempo sentado”, observa o gastroenterologista Rogério Toledo Júnior.
Alimentos que devem ser evitados
Veja a
lista feita pela nutricionista da Abeso, Fernanda Pisciolaro:
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Alimento
determina odor
A pergunta que não quer calar: e o que dizer do cheirinho nada agradável desses indesejados gases? A diferença no "aroma", que pode variar de alguns praticamente inodoros a outros super malcheirosos, se deve basicamente ao tipo de alimento ingerido. “Os mais fortes são oriundos da ingestão de itens que contêm enxofre, como algumas comidas em conserva, ovos e rabanete. Mas, é bom destacar, cada caso é um caso, e há variação de resultados de acordo com o indivíduo”, diz Flores da Cunha. “Vegetais como repolho, nabo e couves também costumam liberar enxofre, assim como os grãos apresentam muitos compostos sulfurosos”, completa Oppermann.
Importante: quando a ocorrência exagerada causa sintomas persistentes – como dor abdominal – ou coloca o sujeito em situação embaraçosa frequentemente, é bom consultar um especialista: clínico geral, gastroenterologista, nutrólogo ou nutricionista. Conforme informa José Antonio Flores da Cunha, existem medicações para diminuir a distensão provocada pelos gases, meios de mudar a flora intestinal – com pré e probióticos, por exemplo – e, principalmente, tratamento por meio da reeducação alimentar.
Ele faz
uma lista dos itens que mais levam a culpa: leguminosas, como feijão, lentilha
e ervilha, porque são ricas em carboidratos; itens que contêm sorbitol, como
adoçantes e enlatados, e frutose; bebidas gasosas, alcoólicas ou não; e, claro,
leite e derivados em quem tem intolerância à lactose. “Deve-se, evitar, sempre,
um cardápio rico em carboidratos. E ficar atento a hábitos que pioram o quadro,
como comer rapidamente e mastigar pouco; ingerir poucas fibras, porque pode
levar à prisão de ventre; e falar muito durante as refeições, engolindo ar.”
Liliane Oppermann ainda acrescenta as frituras e itens com açúcar ou que levam
muito fermento na fórmula.
Alimentos que produzem menos gases
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Temperos
como azeite, limão, salsa, sal, vinagre e óleo vegetal
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Intestino
lento é problema
Até o
metabolismo pode ter a ver com o distúrbio. “Indivíduos com ritmo intestinal
vagaroso e constipação tendem a permanecer mais tempo com restos alimentares no
interior do órgão. Consequentemente, há maior exposição às bactérias e
fermentação”, diz o gastroenterologista. Indagado se existem alimentos que
combatem os gases, Flores da Cunha diz que o ideal é manter uma dieta
balanceada, sem exagero de carboidratos e leguminosas, e com muitos itens ricos
em fibras. “Os iogurtes, por causa dos probióticos, chás como os de erva-doce e
cidreira, e itens enzimáticos, como mamão papaia e abacaxi, podem ajudar”,
completa Liliane Oppermann.
Fernanda Pisciolaro, membro do departamento de psiquiatria e transtornos alimentares da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), cita os alimentos que estão associados à menor produção gasosa – e, portanto, podem entrar no menu de quem quer manter os gases sob controle: leite de soja, suco de soja e iogurte; café descafeinado; torradas, biscoitos salgados com pouca gordura, biscoito de polvilho; pães integral, sírio, sueco e francês sem miolo; queijos magros (minas, ricota, cottage, mussarela); sopas caseiras à base de carnes e legumes; carnes magras, cozidas, assadas ou grelhadas; verduras cozidas (agrião, almeirão, chicória, escarola, espinafre); legumes cozidos (abóbora, abobrinha, batata, berinjela, cará, cenoura, chuchu, cogumelo, inhame, mandioquinha e tomate sem pele e sem semente); frutas cruas ou cozidas (banana-maçã, laranja-lima, maçã, mamão, pêra, pêssego, nectarina); gelatina; e temperos como azeite, limão, salsa, sal, vinagre e óleo vegetal.
Fernanda Pisciolaro, membro do departamento de psiquiatria e transtornos alimentares da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), cita os alimentos que estão associados à menor produção gasosa – e, portanto, podem entrar no menu de quem quer manter os gases sob controle: leite de soja, suco de soja e iogurte; café descafeinado; torradas, biscoitos salgados com pouca gordura, biscoito de polvilho; pães integral, sírio, sueco e francês sem miolo; queijos magros (minas, ricota, cottage, mussarela); sopas caseiras à base de carnes e legumes; carnes magras, cozidas, assadas ou grelhadas; verduras cozidas (agrião, almeirão, chicória, escarola, espinafre); legumes cozidos (abóbora, abobrinha, batata, berinjela, cará, cenoura, chuchu, cogumelo, inhame, mandioquinha e tomate sem pele e sem semente); frutas cruas ou cozidas (banana-maçã, laranja-lima, maçã, mamão, pêra, pêssego, nectarina); gelatina; e temperos como azeite, limão, salsa, sal, vinagre e óleo vegetal.
Conheça algumas dicas para manter os gases à distância
- Procure
manter uma dieta adequada, que inclua todos os grupos necessários,
gorduras, carboidratos, proteínas, fibras, de forma balanceada. "O ideal
é procurar um nutricionista para reeducação alimentar", sugere o
gastroenterologista José Antonio Flores da Cunha Shutterstock
- Pratique
exercícios físicos com regularidade, o que ajuda a conservar um ritmo
intestinal normal, evitando a prisão de ventre. "Fortalecer a
musculatura abdominal é recomendável", diz a nutróloga Liliane Opperman Think Stock
- Beba
bastante líquido durante o dia, principalmente quando o clima estiver
quente. "Este cuidado também auxilia no trânsito intestinal, diminuindo o
tempo de permanência de restos alimentares no órgão e sua consequente
fermentação", explica o gastroenterologista Antonio Flores da Cunha Thinkstock
- Não exagere na ingestão de bebidas gaseificadas, como chope, cerveja, refrigerantes e água gasosa Thinkstock
- Evite
o consumo excessivo dos alimentos que sabidamente provocam gases. "Mas
lembre-se de que há diferenças entre cada indivíduo, e um item
problemático para um pode não ser para outro. Então, vale observar como
seu organismo reage", sugere o gastroenterologista Flores da Cunha. A
nutricionista Fernanda Pisciolaro aconselha tomar chás, como o de
erva-doce, sem açúcar, ao longo do dia, bem como iogurtes, por causa dos
lactobacilos que recompõem a flora intestinal Getty Images
- Mastigue
bem o que comer, "pois a digestão começa na boca, com o auxílio da
saliva". De acordo com o médico da Clínica São Vicente, os alimentos que
chegam ao intestino mal digeridos são mais fermentados pelas bactérias
locais Thinkstock
- Não fale em demasia durante as refeições. Uma grande quantidade de ar acaba "entrando" junto com a comida Getty Images
- Controle
o estresse. "Quem vive sob tensão tem alterações no pH que comprometem a
digestão", salienta a nutróloga Liliane Oppermann. Da mesma forma, não
deixe que a ansiedade tome conta de você. "Pessoas ansiosas comem
rapidamente e não mastigam direito, o que leva a uma sobrecarga do tubo
digestivo" Thinkstock
- Não beba muito líquido durante as refeições, pois isso dilui as enzimas e dificulta a digestão Roberto Assunção/Folha Imagem
- Tente
ter horários regulares para comer, "sem ficar muito tempo em jejum",
diz gastroenterologista Rogério Toledo Júnior. Fernanda Pisciolaro,
nutricionista da Abeso, recomenda fracionar as refeições a cada duas ou
três horas, totalizando de cinco a seis por dia. "Coma, sempre, pequenas
quantidades" Shutterstock
- Fique
sentado após as refeições, e não deitado. "Não jante perto da hora de
dormir, o ideal é ter um intervalo de três horas. E, se necessário,
eleve a cabeceira da cama ao deitar-se", diz a nutricionista da Abeso ThinkStock
- Caso
haja desconfiança de um problema maior por trás do quadro, procure um
especialista para investigação profunda. "É possível que haja
intolerância à lactose e ao glúten, ou alguma outra razão, o que exigirá
medidas médicas", sustenta o gastroenterologista Flores da Cunha,
enfatizando que em hipótese alguma a pessoa deve se automedicar Thinkstock
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