Dois copos por dia são o bastante para manter os níveis de vitamina D sem afetar os de ferro
O leite de vaca é a principal fonte de vitamina D para as crianças, mas
os produtos lácteos podem interferir na absorção de ferro. Os pediatras
nunca souberam a quantidade de leite que uma criança deve beber. Agora,
pesquisadores estabeleceram que, para a maioria das crianças, dois
copos por dia atingem o equilíbrio certo.
Cientistas canadenses
estudaram mais de 1.300 crianças saudáveis com idade entre 2 e 5 anos,
coletando dados sobre alimentação e atividade física. Eles coletaram
amostras de sangue para medir os níveis de ferro e vitamina D.
O estudo, publicado online na semana passada no periódico Pediatrics,
revelou que, após o ajuste para outros fatores, dois copos por dia eram
o bastante para manter a vitamina D em níveis suficientes (mais de 30
nanogramas por mililitro de sangue) sem afetar os níveis de ferro.
Mas fatores como o uso de mamadeiras, estação do ano, pigmentação da
pele e índice de massa corporal tiveram efeitos significativos sobre a
quantidade ideal de leite. Crianças com pele mais escura, por exemplo,
precisaram de três a quatro copos de leite para obter vitamina D
suficiente no inverno. Aquelas que ingeriram apenas uma mamadeira não
conseguiram manter os estoques suficientes de vitamina D e de ferro.
O autor principal, Jonathan L. Maguire, professor assistente de
pediatria na Universidade de Toronto, disse que as crianças com mais de 2
anos não devem receber mamadeira.
"É fácil dar às crianças a
mamadeira para acalmá-las", disse ele, "mas em se tratando desses dois
nutrientes, não há benefício nisso".
Conheça alguns mitos e verdades sobre o leite
- O
efeito relaxante do copo de leite morno antes de dormir se deve à
presença de uma substância indutora do sono, o triptofano. "Ele aumenta a
quantidade de serotonina no cérebro, um neurotransmissor bastante
importante no processo do desencadeamento do sono. Além disso, a
temperatura morna faz com que os aminoácidos sejam mais facilmente
assimilados e absorvidos pelo organismo", enfatiza Ana Potenza,
nutricionista do Hospital Israelita Albert Einstein
- Na
realidade, para quem tem gastrite e úlcera, o leite, em vez de ajudar,
acaba piorando a crise, segundo Leila Ali Hassan Kassab, nutricionista
do HCor. "Quando ele é ingerido, ocorre uma neutralização do ácido do
estômago, dando a sensação de melhora. No entanto, logo o alimento
estimula a produção de mais ácido, agravando a queimação e a sensação de
dor", explica. Apesar disso, dependendo da tolerância de cada um, o
leite pode continuar sendo consumido
- Esta
mistura de leite e café tão querida dos brasileiros tem um porém: a
cafeína diminui a absorção de cálcio e também a de ferro e vitamina C,
segundo Elci Almeida Fernandes, nutricionista clínica do Instituto
Central do Hospital das Clínicas. Livia Yokomizo, nutricionista do
Hospital Alemão Oswaldo Cruz, acrescenta que os chás que contêm cafeína,
como mate, preto e verde, e o chocolate causam o mesmo efeito
- Tomar
leite quando criança colabora para uma vida adulta mais saudável, como
informa Adriane Antunes de Moraes, professora da Unicamp: "O consumo de
leite e lácteos pode prevenir osteopenia e osteoporose, além de ser
favorável para formação e saúde dos dentes"
- A
mulher que está amamentando não deve parar de tomar leite, como explica
Ana Potenza, nutricionista do Hospital Israelita Albert Einstein, pois
sua falta pode causar um desequilíbrio na dieta, afetar a qualidade do
leite materno e, consequentemente, o desenvolvimento da criança. "A
cólica do bebê acontece em decorrência de imaturidade intestinal
apresentada pela criança durante esse período e não está relacionada
diretamente com a dieta da mãe", completa
- Leite
e iogurtes equilibram a flora intestinal, sim. Porém, para provocar
esse efeito, eles devem ser consumidos todos os dias e conter culturas
probióticas, que resistem melhor ao processo de digestão, como afirma
Adriane Antunes de Moraes, professora da Unicamp. O rótulo dos produtos
deve trazer essa informação
- Cálculo
renal, ou pedras nos rins, não é causado pelo leite. "A formação de
cálculos à base de oxalato de cálcio está relacionada a uma alteração na
capacidade de reabsorção do mineral pelo rim, e não pelo excesso do
elemento no organismo", diz Patrícia Modesto, nutricionista do Hospital
Israelita Albert Einstein
- O
leite ajuda na produção de massa muscular após a realização de
atividades físicas, assim como todo alimento fonte de proteína, assegura
Leila Ali Hassan Kassab, nutricionista do HCor
- Raramente
as crianças nascem com intolerância à lactose, explica Licinia de
Campos, nutricionista e coordenadora do Curso de Gastronomia da
Faculdade Paschoal Dantas. A patologia se desenvolve na fase adulta, com
a queda na produção da enzima lactase. "Geralmente, ela diminui na
medida em que dieta se torna mais variada e menos baseada em leite",
informa. O surgimento do problema também pode estar atrelado a danos no
intestino delgado causado por enfermidades, cirurgias e outras situações
- Quando
o assunto é nutrientes, tanto o leite longa vida, como o pasteurizado e
o natural têm a mesma quantidade desses elementos, de acordo com Elci
Almeida Fernandes, nutricionista clínica do Instituto Central do
Hospital das Clínicas. O longa vida tem ainda a vantagem de ter passado
por um processo que elimina possíveis agentes causadores de doenças
- "Os
iogurtes e queijos são boas opções para as pessoas que não gostam de
leite, pois são alimentos ricos em cálcio que previne a osteoporose",
afirma Leila Ali Hassan Kassab, nutricionista do HCor
- "Produtos
lácteos ricos em gorduras não saudáveis ou com açúcares adicionados
podem aumentar o risco de ganho de peso, diabetes tipo 2, colesterol
alto e doenças cardiovasculares", afirma a nutricionista Licinia de
Campos, coordenadora do Curso de Gastronomia da Faculdade Paschoal
Dantas, que recomenda o consumo das versões com baixo de teor de
gorduras ou desnatadas.
- "A
ingestão de leite não combate a anemia, pois a principal causa dessa
doença é a deficiência de ferro e o leite não é um alimento fonte deste
mineral", declara Patrícia Modesto, nutricionista da Pediatria e
CTI-Pediátrico do Hospital Israelita Albert Einstein. Apesar disso, há
no mercado leites enriquecidos com ferro que, nesses casos, podem
auxiliar na reposição do nutriente
- O
iogurte tem baixo teor de lactose porque durante sua produção parte
dela é "quebrada". Além disso, as culturas vivas presentes nesses
laticínios podem facilitar a digestão da substância, como esclarece
Adriane Antunes de Moraes, professora da Unicamp. Contudo, a
especialista chama atenção para o fato de que alguns produtos têm a
adição de soro de leite ou leite em pó, que são ricos em lactose e,
portanto, podem gerar os mesmos efeitos do leite no organismo
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