O aumento das cesarianas, em diversas partes do mundo, pode ter consequências negativas para a saúde e futuro reprodutivo de muitas mulheres. Uma revisão sistemática de estudos explica como isso ocorre
O aumento do número de cesarianas em diversas partes do mundo, incluindo o Brasil, preocupa os profissionais de saúde e as agências de saúde. Nos Estados Unidos, um encontro sobre “a realização de partos vaginais após cesarianas” teve algumas de suas conclusões baseadas numa revisão sistemática de estudos sobre o impacto das cesarianas sobre a saúde materna e fetal. E as conclusões, que não são novas, também não são nada boas.
Para a revisão foram avaliados 21 estudos que combinados somaram perto de 2 milhões e 300 mil partos. As taxas de histerectomia, a retirada do útero, transfusões de sangue, e lesões durante o procedimento aumentaram com o maior número de cesarianas. Uma complicação gravíssima, a placenta prévia, situação na qual a placenta fica firmemente e patologicamente aderida ao útero, levando a sangramento, muitas vezes, incontroláveis e fatias, também aumentou. Para ficar mais claro, a incidência de placenta prévia variou de 1 em 100, nos casos de 1 cesariana anterior, para quase 3 em 100, no caso de mulheres com 3 cesarianas prévias.
Desnecessário dizer que a mortalidade materna foi muito maior nestes casos de várias cesarianas. Muitas mulheres, apoiadas por seus médicos, podem contra-argumentar que não terão muitas cesarianas, de jeito nenhum. Quando muito, uma ou duas, ao longo da vida. Se esse argumento é difícil de garantir ou contestar, vale lembrar que no caso de cesarianas, quanto menos, melhor. (Marshall NE, Fu R, Guise JM. Impact of multiple cesarean deliveries on maternal morbidity: a systematic review. Am J Obstet Gynecol. 2011; 205:262.e1-8)
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