quinta-feira, setembro 27, 2012

Adolescente obesa abandona escola por vergonha em Uberlândia (MG)


A estudante A., 17, tem dificuldades para falar, caminhar e se levantar. Para ir até a porta de casa- uma distância de aproximadamente cinco metros-  ela precisa da ajuda da mãe. Ela sofre de obesidade mórbida e hoje pesa 190 quilos, mas já chegou aos 205 kg.  Por causa do excesso de peso, A. abandonou a escola há três anos e não consegue fazer exercícios físicos (os nomes nesta reportagem são descritos somente com iniciais para preservar a identidade da adolescente).

Aos 15 anos, A. começou o 1° ano do Ensino Médio em uma escola estadual de Uberlândia, 536 quilômetros de Belo Horizonte, mas não passou do primeiro mês. “As pessoas sempre falavam de mim, quando eu chegava perto, todos se afastavam. Não quis ir mais à aula. Era difícil para mim”, disse.

A mãe dela, E.M.S, 55, conta que a filha precisava ir com a mesma roupa todos os dias porque não havia tamanho especial para o uniforme. “Tudo dela eu preciso mandar fazer, até a roupa íntima. Os colegas diziam que a roupa sairia andando sozinha e que ela estava ‘fedendo’. Foi muito dolorido para mim e também não aceitei (ela) não ir mais a escola. Cheguei a forçar, mas acabei respeitando a vontade dela”, disse.

A., segundo a mãe, começou a engordar acima do normal quando tinha nove meses de idade.  “Cada mês ela subia muito de peso. Nós a levamos em todos os médicos públicos da cidade, mas sempre tivemos dificuldades financeiras e ela acabava abandonando o tratamento”, contou.  “Ela só conseguiu equilibrar o peso quando tinha 6 anos”, concluiu.

A mãe é catadora de produtos recicláveis e diz receber menos de um salário mínimo por mês e viver de doações. Segundo ela, a última médica endocrinologista passou uma dieta com produtos naturais e integrais, mas por ter pouco recurso, não teve condições de comprar tudo. “O pouco que ganho é para pagar as contas de água, luz e comprar comida”, disse.

A assistente social Cláudia Lima de Oliveira tem acompanhado o caso da família e disse que buscou ajuda médica para que ela faça a cirurgia bariátrica, mas como ela é menor de idade não foi possível. “Os médicos disseram que tem que ter no mínimo 18 anos. Agora a nossa preocupação é com a reeducação alimentar e a preparação psicológica. Estamos buscando apoio junto aos médicos para que eles possam vir até a casa dela, porque é difícil para ela se locomover”, informou.


Médico diz que obesidade de adolescente é severa


O médico especialista em cirurgia bariátrica Luiz Augusto Mattar, explica que a paciente apresenta um índice de massa corpóreo IMC altíssimo de 65kg/m2 o que caracteriza obesidade severa. Segundo ele, o caso dela deve ser investigado por um endocrinologista para identificar se não há doença glandular ou genética que leve ao excesso de peso.

“Caso ela não apresente qualquer dessas doenças, seria  imprescindível iniciar com acompanhamento multiprofissional, endócrino, psicóloga, nutricionista, educador físico, associado ao balão intra-gástrico para que ela perdesse pelo menos 20% de seu peso. Assim que ela perdesse esse peso, estivesse preparada e ela em conjunto com a família concordassem com a cirurgia bariátrica, essa poderia ser realizada”, disse.


Hospital público não recebeu pedido de cirurgia


O Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia informou que a garota era monitorada por médicos do Hospital desde 2003, quando ainda era atendida por pediatras. Em 2011, ela foi encaminhada para uma endocrinologista e não mais retornou à unidade hospitalar. O HC/UFU também informou que não houve solicitação de cirurgia bariátrica para a paciente.

A mãe de A. disse que a filha tem dificuldades de caminhar e muitas vezes não consegue ir ao médico. "Ela quis desistir. Já tentei levá-la de volta, mas ela tem muita dificuldade", disse.

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